quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pressa e excesso de trabalho elevam risco de acidentes em obras no Brasil

As mortes ocorridas nas obras de estádios da Copa do Mundo de 2014 colocam em evidência as falhas de segurança nos canteiros de obra brasileiros. Segundo especialistas, a pressa para cumprir prazos e as altas cargas horárias cumpridas por operários são hoje as maiores causas de acidentes no país.


Até agora, sete operários morreram em obras das arenas da Copa no país. Cinco deles foram vítimas de acidentes violentos – desde quedas ao desabamento de um guindaste no Itaquerão, em São Paulo.
Para se ter ideia, na África do Sul, onde também ocorreram inúmeros atrasos de cronograma, a preparação dos estádios causou duas vítimas fatais.Os outros dois foram vítimas de "mal súbito", nomenclatura genérica dada por autoridades a doenças como infartos ou acidentes vasculares.
As estatísticas mais recentes do Ministério da Previdência Social (divulgadas em outubro) registraram mais de 62 mil acidentes – de diferentes gravidades – no setor da construção civil no ano de 2012.
O número representa um aumento de 12% em relação aos casos ocorridos nos dois anos anteriores. Contudo, no mesmo período, o crescimento de empregados no setor também foi de 12%, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.
O governo não tem números atualizados sobre mortes no setor. O mais recente se refere a 2011: 471 casos.
No Estado de São Paulo – onde dois operários morreram em novembro nas obras da Arena Corinthians – a alta no número de mortes foi significativa, segundo dados do Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil). Foram 24 casos neste ano contra sete em 2012.

Pressa

"O setor da construção civil vive um momento de aquecimento e o ritmo elevado das obras, que têm prazo para serem entregues, acaba levando ao aumento nos acidentes de trabalho", afirmou à BBC Brasil o procurador Philippe Gomes Jardim, da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat), do Ministério Público do Trabalho da União.
"O aumento no ritmo de trabalho não vem acompanhado de mais segurança", afirmou.
Segundo ele, quanto mais longas forem as jornadas de trabalho e menores os intervalos de folga, mais desgastado ficará o trabalhador e, portanto, mais sujeito a acidentes.
"É um círculo: o mercado exige velocidade da construtora, que exige do trabalhador, que acaba em situação de maior risco".
Segundo o professor João Roberto Boccato, especialista em segurança do trabalho da Unicamp (Universidade de Campinas), as construtoras estão mais preocupadas em cumprir os cronogramas de obras do que em cumprir a legislação prevencionista.
"O não-cumprimento dos prazos envolve multas, que muitas vezes são bem maiores do que o custo dos acidentes. Falta em qualquer projeto no Brasil uma análise preliminar de riscos feita por profissionais da área de segurança", afirmou Boccato.
Ele disse que a maioria dos contratos de obras falha ao não prever atrasos para a realização de melhorias para prevenir acidentes.
"Os contratos também deveriam prever pagamentos de multas maiores por acidentes de trabalho", disse.

Horas extras e empreitada

Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, desembargador do Tribunal Superior do Trabalho de Minas Gerais, adota-se com certa frequência no setor da construção civil o pagamento rotineiro de horas extras que, por serem sistemáticas, acabam diminuindo o tempo de descanso do trabalhador.
"Isso (horas extras) não deveria ocorrer com tanta frequência, mas no Brasil existe a cultura da hora extra habitual, como se o fato extraordinário fosse um fato corriqueiro".
Em alguns casos, os empregadores fazem pagamentos de forma ilegal para horas extras não registradas, segundo Antônio de Souza Ramalho, vice-presidente da Força Sindical, presidente do Sintracon e deputado estadual em São Paulo pelo PSDB.
"É o trabalho por empreitada. Paga-se 'por fora' para aumentar o ritmo da obra", disse Ramalho.
De acordo com ele, um operário comum (pedreiro, encanador, carpinteiro, etc.) costuma ter registrado na carteira de trabalho um salário mensal na faixa de R$ 1,5 mil. Contudo, uma vez em atividade na obra, ele passaria a receber por tarefa cumprida (empreitada) – o que poderia elevar seus rendimentos a até R$ 7 mil por mês.
Isso significa, segundo Ramalho, trabalhar de 12 a 16 horas por dia e não ter o serviço "por fora" registrado para fins previdenciários ou para contar no 13º salário.
Ramalho afirmou ainda que alguns trabalhadores usam entorpecentes para aguentar as longas jornadas de trabalho – o que aumenta ainda mais o risco de acidentes. A droga mais comum nos canteiros de obras seria o oxi, um derivado da cocaína preparado a partir da pasta base do entorpecente misturado a cal e querosene.

Fiscalização

O deputado também afirmou que não haveria fiscais suficientes para visitar todos os canteiros de obras. Eles são necessários para garantir o cumprimento de normas de segurança e impedir o excesso de trabalho dos operários.
Segundo Boccato, além disso, a fiscalização não é suficiente porque o valor das multas é baixo. Ele cita como exemplo o caso de uma empreiteira com obras em um aeroporto no Estado de São Paulo, que já teria sido multado diversas vezes por ação do Ministério Público – devido a irregularidades na questão de prevenção de acidentes.
"Mas por que estas obras continuam? Porque o valor das multas é muito pequeno em comparação com o custo do atraso da obra", afirma.
Segundo os especialistas, a responsabilidade para esses problemas deve recair tanto nas construtoras como no poder público e nos próprios operários e seus sindicatos.
A BBC Brasil entrou em contato com o Sinicon, o sindicato patronal da construção pesada, para comentar a questão da insegurança em canteiros de obras mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

BA: Trabalhadores da Construção Pesada na Bahia dão inicio à campanha salarial

Os trabalhadores da Construção Pesada da Bahia, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial (Sintepav), lança nesta terça-feira (25), às 8h, com forte mobilização e reunindo milhares de trabalhadores, a Campanha Salarial 2014 da categoria.
Após concentração dos trabalhadores em frente à Praça do Campo da Pólvora, localizada próximo a sede do sindicato, os trabalhadores sairão em caminhada, em direção ao Campo Grande até a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).
O lançamento da Campanha Salarial 2014 contará com a participação de trabalhadores da Construção Pesada, das diversas obras de Salvador, tais como Metrô, Sistema Viário do Imbuí, obras de duplicação da Avenida Pinto de Aguiar, Via Expressa, Via Bahia, Consórcio 093, Obras de Saneamento Básico, Montagem Industrial, Obras de Terraplanagem, dentre outras. Na Bahia, são 35 mil trabalhadores distribuídos em 300 obras, com 443 empresas, em obras como a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), Estaleiro Enseada Paraguaçu, Parques Eólicos, entre outras, com investimentos que chegam a aproximadamente R$ 63 bilhões de reais.
Principais reivindicações
-- Reajuste Salarial de 15%-- Cesta básica R$ 350
-- Horas extras 70% de segunda a sexta, 100% aos sábados e 130% aos domingos e feriados
-- Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário
-- Assistência Médica para empregados e dependentes 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

AC.: TRE levará biometria aos trabalhadores da Construção Civil

O pedido foi feito pelas empreiteiras responsáveis pela obra

A partir desta terça-feira, 25, os trabalhadores que atuam na construção de casas populares da “Cidade do Povo” receberão atendimento biométrico do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC).
O pedido foi feito pelas empreiteiras responsáveis pela obra, sob a justificativa de que há mais de 1.800 trabalhadores no local, e a maioria ainda não pôde buscar a regularização dos dados eleitorais.
Para prestar o serviço, o Tribunal instalou três kits biométricos no prédio da Administração da obra, e deverá realizar o atendimento aos eleitores durante dois dias, de 8h às 17 horas.
Fonte: O Rio Branco

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ES.: LOG Viana persegue e demite trabalhadores cipeiros por justa causa ao invés de negociar

A empresa LOG Engenharia que esta fazendo os galpões de logística no município de Viana contratou mais de 25 empreiteiras, que por sua vez, trouxeram a maioria dos trabalhadores de fora do Estado, tendo que fornecer almoço e jantar e alojamento, com isso, um ambiente de trabalho diferenciado foi criado entre os trabalhadores do estado e fora.

As empreiteiras ainda não têm cumprindo toda convenção no que diz respeito a plano de saúde, piso salarial, entre outros.

Na semana passada os trabalhadores contratados do estado iniciaram uma greve reivindicando o direito de também almoçar no canteiro junto com os trabalhadores das empreiteiras, e a resposta da empresa foi perseguição e demissão, demitindo assim todos os ciperos e membros da comissão de negociação. 

O Secretário de Formação Erci Carlos Nicolau, disse que essa atitude, mostra a irresponsabilidade da empresa, que ela não sabe dialogar, e o sindicato esta pedindo a reintegração dos operários na Justiça, além de indenização por danos morais para reparar essas atitudes da gatinha.

“Esperamos que a justiça faça justiça, vamos acompanhar de perto essas questões. E mesmo assim estamos abertos ao dialogo. O sindicato sempre estará aberto a dialogo”, finaliza Erci. 


Fonte: Sintraconst-ES

CE.: Operário morre após cair de prédio em construção

Um operário que trabalhava na obra de construção de um prédio, no bairro Cidade 2000, caiu de uma altura de aproximadamente 18m, na manhã desta segunda-feira, 24. De acordo com relatos de companheiros de trabalho da vítima, ele tirou o cinto de segurança e se desequilibrou. O trabalhador morreu no local.

Segundo o diretor da Secretaria de Saúde, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Laercio Cleyton, a vítima é Francisco Mauro de Sousa Lima, 28. O operário trabalhava no setor de concreto com a função de carpinteiro de forma.

Ainda de acordo com Laercio, a obra foi embargada pelo Ministério do Trabalho. Após o acidente, que será investigado pelo órgão, os trabalhadores foram liberados.

Francisco Mauro deixa esposa e um filho. Segundo o diretor, essa é quarta vítima na área da construção civil em 2014, em Fortaleza.

Fonte: O POVO Online

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SP.: Operário morre em queda de passarela em Itapira

Foto: Fernando Pineccio\Tribuna Itapira
O montador de estrutura metálica Olivan Pereira da Silva, 33 anos, morreu na tarde desta quarta-feira (19) prensado pela passarela municipal sobre o Ribeirão da Penha que reformava entre os bairros Vila Penha do Rio do Peixe e Jardim Soares, em Itapira. 

A estrutura afundou no meio quando ele começava a retirar o piso, às 12h45. Os dois auxiliares que também trabalhavam na reforma, R.P.S., 35 anos, e A.O.S., 27 anos, foram lançados para o ribeirão e tiveram escoriações leves.

Segundo a Guarda Municipal, os três foram socorridos pelo Samu ao Hospital Municipal. Foi preciso retirar o montador das ferragens, um trabalho que durou cerca de 30 minutos, mas encaminhado à unidade de saúde não resistiu aos ferimentos.

Ainda de acordo com a GM, a vítima estava com um maçarico na mão no meio da ponte começando a retirar o piso antigo feito de chapas metálicas. A estrutura afundou justamente onde ele estava e o prensou. 

Os dois trabalhadores que o ajudavam no serviço foram medicados e liberados ainda pela tarde. A ocorrência foi registrada na delegacia como acidente de trabalho. A Defesa Civil e a perícia foram acionadas ao local, que foi interditado.

A Prefeitura informou que a reforma das passarelas que cortam o Ribeirão da Penha é terceirizada. A empresa Novart, responsável pelo serviço, começou o trabalho em 14 de novembro passado, sendo que a passarela onde o acidente aconteceu era a última estrutura a sofrer a intervenção. 

A Administração Municipal disse que a Assessoria de Negócios Jurídicos vai apurar o fato e a obra foi suspensa. A GM afirmou que o engenheiro responsável acompanhava o trabalho que era realizados pelas três vítimas do acidente, mas deve prestar depoimento apenas à Polícia Civil, o que não aconteceu nesta quarta-feira (19). A Novart foi procurada para falar sobre o ocorrido, mas não atendeu ligações.

O corpo de Olivan passou por necrópsia no Instituto Médico Legal de Mogi Guaçu. O enterro está marcado para esta quinta-feira (20), às 10h30, no Cemitério Parque Municipal da Paz. O montador é natural de Malacacheta, em Minas Gerais, mas morava em Itapira há anos.



Fonte: iG Paulista - Jaqueline Harumi | jaqueline.ishikawa@rac.com.br

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

MG.: Operários são encontrados em situação de trabalho escravo

Treze operários da construção civil foram resgatados de trabalho em condições análogas às de escravidão, nesta terça-feira, em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais. A denúncia chegou ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção de BH e Região (Marreta) por meio dos próprios empregados da obra.
De acordo com o diretor do sindicato, Gilson Valdes da Silva, durante a tade foi feita uma vistoria no local juntamente com representantes do Ministério do Trabalho e constatada a situação degradante dos trabalhadores. “Encontramos uma situação pior do que imaginávamos: consições precárias tanto na obra quanto no alojamento”, afirma o diretor.  Segundo ele, os trabalhadores vieram da Bahia para trabalhar na construção de um prédio comercial.
O diretor afirma que em cada alojamento haviam quatro beliches que ficavam apertadas no pequeno espaço. As camas foram feitas de restos de materiais de construção, os banheiros eram insuficientes e só havia um chuveiro.  “Na obra encontramos muitos problemas de segurança: as periferias estavam abertas, sem nenhum tipo de guarda-corpo. Além disso, havia fiação no chão e a betoneira funcionava sem aterramento”, relata o diretor.
Após constatação do ambiente de trabalho degradante, o Ministério do Trabalho ordenou a retirada imediata dos trabalhadores e da obra e o encaminhamento deles para um hotel. O sindicato prepara, agora, um ofício que será enviado ao Ministério Público de Minas Gerais, pedindo a inclusão da empresa na Lista Suja. De acordo com o diretor do Marreta, os trabalhadores serão enviados de volta para suas cidades de origem.

Fonte: Thaíne Belissa - Minas Livre